A endometriose é uma doença ginecológica que afeta muitas mulheres, causando desconforto e impactando diretamente a qualidade de vida.
Estima-se que cerca de 10% das mulheres em idade fértil sofram dessa doença, mas esse número pode ser bem maior, por causa da falta ou demora no diagnóstico em muitas pessoas que sofrem dessa condição.
Mas, o que exatamente é a endometriose e como ela se manifesta?
Neste texto, vamos explicar de forma simples o que acontece no corpo com endometriose, quais são os sintomas mais comuns, como é feito o diagnóstico, quais são as opções de tratamento e a importância de um acompanhamento médico adequado.
1-O que é a Endometriose?
A endometriose é uma doença que ocorre quando o tecido que reveste o interior do útero, chamado endométrio, cresce em outro lugar que não seja a da cavidade uterina. Esse tecido pode se localizar em várias partes do corpo, como nos ovários, trompas de falópio, intestinos, bexiga e até mesmo em áreas mais distantes.
Endométrio
A parte de dentro do útero se chama endométrio. Esse é o único lugar onde o endométrio deve estar de forma normal. Quando ele cresce em outro lugar, o nome será endometriose.
Durante o ciclo menstrual, o endométrio se prepara para uma possível gravidez, espessando-se e se tornando vascularizado. Se a gravidez não ocorrer, esse tecido é eliminado através da menstruação. No entanto, quando o tecido endometrial cresce fora do útero, ele não tem para onde ir, o que pode gerar inflamação, dor e outros problemas.
2-Quais são os Sintomas da Endometriose?
Os sintomas da endometriose podem variar muito de mulher para mulher. Algumas mulheres podem ter sintomas leves, enquanto outras podem sofrer com dores intensas. Os principais sintomas incluem:
Dor intensa durante a menstruação: A dor menstrual intensa, também conhecida como dismenorreia, é um dos sintomas mais comuns. Ela pode começar antes da menstruação e durar vários dias, podendo ser incapacitante para algumas mulheres.
Dor durante a relação sexual: Mulheres com endometriose frequentemente relatam dor durante ou após o sexo, especialmente quando o útero ou os ovários estão afetados.
Infertilidade: A endometriose é uma das principais causas de infertilidade feminina. Isso ocorre porque o tecido endometrial pode afetar a função dos ovários e das trompas de falópio, dificultando a concepção.
O corpo tem seus mecanismos para tentar impedir que uma coisa estranha cresça em um lugar que não deve. A inflamação faz parte desse processo, e junto com ela, a cicatrização. É como se o corpo estivesse tentando “prender” o tecido de endometriose para ele parar de sangrar em lugares onde não pode ocorrer sangramento, como dentro da barriga.
Como a cicatrização tem a função de “colar”, as áreas com endometriose podem fazer os órgãos ficarem “colados” umas nas outras, de forma direta ou através de aderências (faixas) e bridas (fios) de fibrose.
Quando isso acontece, os órgãos ficam distorcidos, ou seja, tortos. Imagine que você está tomando suco com um canudo.
Se você dobrar o canudo, o suco não passa mais por ele, certo? É o que acontece por exemplo se a trompa for atingida por essas bridas ou aderências.
Ela pode ficar distorcida a ponto de espermatozoide e óvulo não conseguirem passar. Essa é uma das formas que a endometriose pode impedir a gravidez.
Dor na região pélvica: Além da dor menstrual, muitas mulheres com endometriose experienciam dor constante ou intermitente na região pélvica, que pode piorar com o tempo.
Alterações intestinais e urinárias: A endometriose pode causar sintomas gastrointestinais como diarreia, constipação, dor ao evacuar ou até sangramentos intestinais. Além disso, problemas urinários, como dor ao urinar ou sangramento na urina, também podem ser comuns, especialmente se o tecido endometrial estiver perto da bexiga.
Fadiga: A dor crônica e os sintomas associados podem levar a uma sensação constante de cansaço e falta de energia.
Se você sente esses sintomas, uma investigação médica é importante para o diagnóstico e tratamento adequados. A Dra. Paula Lima é ginecologista obstetra, e pode te ajudar a descobrir e tratar essa doença.
3-Quem tem Endometriose Pode Engravidar?
A endometriose é uma das causas mais frequentes de infertilidade feminina.
Como já falamos acima, o tecido endometrial que cresce fora do útero pode afetar os órgãos reprodutivos, como os ovários e as trompas de falópio, dificultando a passagem do óvulo para o útero e a fecundação.
Além disso, a inflamação crônica gerada pela doença pode interferir na qualidade dos óvulos e na implantação do embrião.
Cerca de 30% a 50% das mulheres com endometriose têm dificuldades para engravidar.
Ou seja, 50 a 70% conseguem engravidar, seja de forma espontânea ou com o auxílio de tratamentos de fertilidade, como a fertilização in vitro (FIV).
4- E como eu descubro se tenho Endometriose?
O diagnóstico da endometriose pode ser complicado, pois seus sintomas muitas vezes se confundem com outras condições, como a síndrome do intestino irritável ou infecções pélvicas. Para confirmar a presença da doença, o médico pode realizar uma série de exames:
- Histórico clínico e exame físico: A médica começa avaliando os sintomas relatados pela paciente e realizando um exame físico para verificar sinais de dor ou outros indícios de endometriose.
- Ultrassonografia: A ultrassonografia transvaginal é um exame de imagem que pode ajudar a visualizar cistos endometrióticos nos ovários. No entanto, ela nem sempre consegue identificar endometriose profunda (quando a doença atinge outros órgãos, como o intestino ou a bexiga).
- US transvaginal com preparo intestinal: Um tipo específico de ultrassonografia transvaginal, que é feita com preparo intestinal, pode identificar a endometriose profunda.
- Ressonância magnética (RM): A ressonância magnética é mais precisa para identificar os locais onde o tecido endometrial pode estar implantado, especialmente em casos de endometriose profunda.
- Laparoscopia: A laparoscopia é um exame cirúrgico, considerado o padrão-ouro para o diagnóstico da endometriose. Durante a laparoscopia, o médico insere uma pequena câmera no abdômen para visualizar diretamente os locais de implantes endometrióticos e, se necessário, realizar a remoção deles e das aderências causadas por eles.
Se Você desconfia que possa ter Endometriose, mas ainda não investigou, a Dra Paula Lima pode te ajudar.
5- Endometriose tem cura?
A endometriose é uma condição que ainda não tem cura, mas existem tratamentos para controlar sua evolução e tratar as complicações que ela pode causar.
O tratamento da endometriose depende da gravidade dos sintomas, da localização da doença e dos objetivos da mulher, como desejo de engravidar. As principais opções de tratamento incluem:
- Medicamentos para controlar a dor: A dor associada à endometriose pode ser aliviada com analgésicos, como o ibuprofeno. Para dores mais intensas, medicamentos como os anticoncepcionais podem ser indicados para regular os ciclos menstruais e reduzir a dor.
- Hormonioterapia: Os hormônios têm um papel fundamental no controle da endometriose. O uso de anticoncepcionais, dispositivos intrauterinos (DIU) com progesterona, e até medicamentos que bloqueiam a produção de estrogênio, como os progestágenos e os inibidores da aromatase, podem ajudar a controlar o crescimento do tecido endometrial e aliviar os sintomas.
- Cirurgia: Quando a endometriose é mais grave ou não responde a tratamentos medicamentosos, a cirurgia pode ser necessária. A remoção do tecido endometriótico pode ser feita por laparoscopia, um procedimento minimamente invasivo que permite ao médico retirar os focos da doença e preservar a função dos órgãos afetados.
- Tratamento para fertilidade: Para mulheres com endometriose que desejam engravidar, existem várias opções de tratamento de fertilidade, como a inseminação artificial e a fertilização in vitro (FIV). Esses tratamentos podem ajudar a superar as dificuldades causadas pela endometriose.
- Mudanças no estilo de vida: Além dos tratamentos médicos, adotar hábitos saudáveis, como praticar atividades físicas regularmente, manter uma alimentação equilibrada e reduzir o estresse, pode ajudar a melhorar a qualidade de vida e a controlar os sintomas da endometriose.
A maioria dos casos de Endometriose será bem controlado com tratamentos não cirúrgicos. A Dra Paula Lima é especialista em tratamento não cirúrgico de endometriose, e pode te ajudar a reconquistar seu bem – estar e qualidade de vida.
Endometriose e Qualidade de Vida
Viver com endometriose pode ser desafiador, especialmente quando os sintomas são intensos e impactam a vida cotidiana. A dor crônica, a dificuldade para engravidar e as limitações físicas e emocionais podem causar frustração e depressão. Portanto, é essencial que as mulheres com endometriose busquem apoio médico e emocional para lidar com a doença.
O acompanhamento regular com um ginecologista especializado em endometriose pode ajudar a monitorar a evolução da doença e ajustar o tratamento conforme necessário. Além disso, o apoio psicológico, grupos de suporte e o envolvimento da família e amigos são fundamentais para garantir o bem-estar emocional.
Ou seja…
A endometriose é uma condição complexa e desafiadora, mas com o diagnóstico precoce e o tratamento adequado, é possível controlar os sintomas e melhorar a qualidade de vida.
Se você apresenta sintomas como dor intensa durante a menstruação, dor durante o sexo ou dificuldades para engravidar, é importante procurar uma médica especializada para avaliar seu caso.
Lembre-se de que você não está sozinha! A endometriose afeta muitas mulheres ao redor do mundo, e existem diversas opções de tratamento disponíveis para ajudar a controlar a doença e melhorar sua saúde. Não hesite em buscar ajuda e cuidar de você.
Referências
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https://www.febrasgo.org.br/media/k2/attachments/FeminaZ2021Z49Z-Z3.pdf