Meu primeiro contato com a Medicina foi com a Obstétrica quando,  ainda no ensino médio, assisti uma ultrassonografia gestacional: Ver aquele bebê ali, ainda dentro da mãe, e ouvir o seu coraçãozinho foi mágico. Assim fui conquistada pela Medicina. 

Já no curso, assisti ao primeiro parto natural. A intensidade daquele momento, seguido da aura de paz que se instalou no local quando a mãe e seu bebê se encontraram, olhos nos olhos, pela primeira vez, o aconchego do primeiro colo, o amor em cada detalhe… enfim, me deram a certeza da especialidade que eu seguiria.

Ao mesmo tempo, sendo mulher, filha de uma mulher forte, de uma família de mulheres fortes, aprendi desde cedo o quanto em geral as mulheres trabalham em múltiplas jornadas de trabalho, além de ficarem responsáveis na maioria dos contextos pelo trabalho do cuidado, dos pequenos e dos mais velhos, e por isso tendem a ir cuidando dos outros e se deixando de lado. Assim, dentro da Ginecologia, observei o quanto as mulheres precisam ser cuidadas, para além dos seus corpos. Precisam ser cuidadas por inteiro. Assim a Ginecologia me encontrou nesse lugar de Integralidade e Cuidado Humanizado.

As experiências nos mais diversos contextos, espaços e culturas, como atendimento em grandes hospitais, trabalho voluntário em países como Haiti e Iraque, trabalho no interior do nordeste, na periferia de Brasília, e no Ambulatório de Saúde da Mulher, em Jundiaí, me confirmaram que, independente de qualquer coisa, o desejo unânime de toda pessoa é: ser acolhida, ouvida, cuidada e ter seu problema resolvido, quando possível, ou ainda amenizado, com respeito, atenção e carinho.