
Se você é uma mulher que já ouviu falar em “climatério” ou “menopausa” e ficou com dúvidas, saiba que isso é completamente normal. Esses termos fazem parte de um período de transição natural na vida feminina, mas que pode ser cercado de mitos e incertezas. Vamos descomplicar o assunto?
Neste texto, você vai entender o que é climatério, o que é menopausa, quais são os sinais mais comuns, as mudanças no corpo e as melhores formas de passar por essa fase com saúde e qualidade de vida.
Se você está nessa fase da vida, Dra. Paula Lima é uma médica conceituada, uma ginecologista com experiência em cuidado individualizado a cada pessoa com sintomas do climatério, e pode cuidar de você.
Climatério: a transição para a menopausa
O climatério é uma etapa da vida da mulher que marca a transição do período reprodutivo (quando o corpo ainda ovula, e pode engravidar) para o não reprodutivo (quando não há mais ovulação). Ele geralmente começa entre os 40 e 45 anos e pode durar vários anos. Mas, como tudo no corpo feminino, isso é bem variável. Algumas mulheres podem ter sintomas a partir dos 35 anos.
Sabe a puberdade? Então, ela é a transição da fase não reprodutiva (infância), para o início da fase reprodutiva (adolescência). O climatério, então, é como se fosse uma adolescência ao contrário! Isso explica muita coisa, né?
Durante o climatério, os ovários reduzem a produção de dois hormônios muito importantes: Estradiol e progesterona. Essa queda hormonal provoca várias mudanças no corpo, que podem variar de leves a mais intensas.
Algumas mulheres passam por essa fase quase sem notar, enquanto outras enfrentam sintomas muitas vezes insuportáveis, que afetam o dia a dia.
Menopausa: o marco definitivo
A menopausa, por sua vez, é um momento específico dentro do climatério: é o último ciclo menstrual da vida. Para determinar que a menopausa chegou, as médicas consideram que a menstruação precisa estar ausente por 12 meses consecutivos.
Isso mesmo: só depois de um ano inteiro sem menstruar, olhamos para trás e dizemos: aquela foi a menopausa.
A idade média em que isso acontece é por volta dos 51 anos, mas pode variar para mais ou menos. É tão variável que vai ser considerado normal se uma mulher tiver a menopausa a partir de 40 anos, e muito raramente, mulheres com 57 anos ainda podem estar menstruando!
Após a menopausa, a mulher entra no que chamamos de pós-menopausa, que pode durar o resto da vida. Nesse estágio, os ovários já não produzem mais hormônios reprodutivos em quantidades significativas.
Sintomas do Climatério e Menopausa: se eu sentir, o que fazer?
Os sintomas variam de mulher para mulher. Eles podem começar muitos anos antes da menopausa, e podem durar também muitos anos após a última menstruação.
Algumas mulheres relatam poucos sintomas, somente alguns meses antes e depois da menopausa.
Os sintomas e mudanças físicas mais comuns incluem:
Ondas de calor (fogachos, calorão)
As ondas de calor são um dos sintomas mais característicos. Elas começam como uma sensação repentina de calor no peito subindo para o rosto, podendo durar de segundos a minutos. Algumas mulheres também sentem suor excessivo, seguido de calafrios.
É um tal de tira casaco, bota casaco, abre janela, fecha janela, liga ventilador, desliga ventilador. Ufa! Quando ocorre de dia, esse sintoma pode atrapalhar as atividades cotidianas, como durante o trabalho, e a noite podem atrapalhar o sono, seu e de quem estiver com você.
Como lidar:
- Use roupas leves e de tecidos que permitam a transpiração, como algodão.
- Tenha sempre por perto um ventilador ou lenços umedecidos para aliviar o desconforto.
- Evite alimentos picantes, bebidas alcoólicas e cafeína, que podem intensificar os fogachos.
- Chá da folha da amoreira pode auxiliar nos casos leves.
- Técnicas de respiração profunda e prática de meditação podem ajudar a controlar os episódios.
- A Terapia de Reposição Hormonal (TRH) pode ser a única solução eficaz para algumas mulheres. Para as que não podem usar a TRH, já existem outras medicações que controlam esse sintoma. Sua médica poderá indicar o melhor para você.
Alterações no sono
Não consegue pegar no sono, ou acorda o tempo todo a noite? Insônia e dificuldade para dormir são muito comuns, muitas vezes causadas pelas ondas de calor noturnas ou ansiedade.
Como lidar:
- Mantenha o quarto fresco e escuro para facilitar o sono.
- Crie uma rotina relaxante antes de dormir, como tomar um banho morno ou ler um livro.
- Evite eletrônicos (celular, TV) antes de dormir, pois a luz azul pode atrapalhar o sono.
- Converse com sua médica sobre suplementos naturais, como melatonina, ou medicamentos, se necessário.
3. Mudanças de humor
Está se achando muito nervosa, nem você mesma está se aguentando? A oscilação hormonal pode causar irritabilidade, ansiedade, melancolia ou até crises de choro.
Mulheres que já têm histórico de depressão, ansiedade e transtornos de humor, como Transtorno Afetivo Bipolar e Transtorno Borderline podem ser afetadas com ainda mais intensidade, podendo ter piora do quadro.
Como lidar:
- Pratique atividades que tragam prazer, como dança, pintura ou hobbies manuais.
- Exercícios físicos, como caminhada ou yoga, liberam endorfinas, que ajudam a melhorar o humor.
- Terapia psicológica ou sessões de apoio podem ser úteis para lidar com emoções intensas.
- Medicações específicas podem ser necessárias em algumas situações, ou mudança nas doses, se medicações antidepressivas ou estabilizadoras de humor já forem usadas.
4. Secura vaginal
Com a queda do estrogênio, a lubrificação natural diminui, o que pode tornar as relações sexuais desconfortáveis ou até dolorosas.
Como lidar:
- Utilize lubrificantes à base de água ou silicone durante as relações sexuais. Óleo de coco também é uma boa opção; além de lubrificar, previne um tipo de corrimento chamado vaginose bacteriana.
- Hidratantes vaginais de uso diário ajudam a melhorar a lubrificação ao longo do tempo.
- Tratamentos com estrogênio local (em cremes ou comprimidos vaginais) podem ser indicados pela médica.
Diminuição da libido
A perda de desejo sexual pode estar relacionada a fatores hormonais e emocionais, como alterações no humor e desconforto físico.
Como lidar:
- Invista em momentos de intimidade e conexão com o parceiro, sem foco exclusivo no ato sexual.
- Técnicas de mindfulness podem ajudar a redescobrir o prazer e a conexão com o corpo.
- Em casos mais severos, terapias hormonais ou tratamentos específicos podem ser recomendados. Sua médica pode te ajudar a descobrir qual a melhor opção para você.
Dores articulares e musculares
A falta de estrogênio pode afetar os tecidos conjuntivos, provocando dores ou rigidez nas articulações e músculos.
Como lidar:
- Exercícios regulares, como alongamentos, pilates ou natação, ajudam a manter as articulações saudáveis.
- Adote uma dieta anti-inflamatória, rica em frutas, vegetais e ômega-3 (encontrado em sementes como linhaça e peixes como salmão, atum e sardinha).
- Analgésicos ou suplementos, podem ser sugeridos por sua médica.
Ganho de peso
O metabolismo desacelera ainda mais, e muitas mulheres notam aumento de peso, especialmente na região abdominal.
Como lidar:
- Priorize alimentos integrais e reduza o consumo de açúcar e gorduras saturadas.
- Pratique exercícios aeróbicos (como caminhada ou corrida) e musculação para acelerar o metabolismo.
- Evite dietas muito restritivas; opte por mudanças alimentares sustentáveis.
Palpitações
Algumas mulheres sentem o coração acelerar sem motivo aparente. Isso pode ser um sintoma hormonal ou de ansiedade.
Como lidar:
- Uma avaliação médica é importante para descartar problemas cardíacos.
- Técnicas de respiração e relaxamento podem ajudar a reduzir as palpitações causadas por estresse.
Dra Paula Lima tem uma abordagem holística, de cuidado integral, e por isso pode te oferecer o cuidado personalizado que você precisa para lidar com o climatério e outras demandas, afinal, a ginecologista é também a clínica da mulher.
Além desses, outros sintomas podem acontecer nesse período, como:
- Cansaço e falta de energia: Sentir-se exausta sem motivo aparente também é comum.
- Mudanças no corpo: A pele pode ficar mais seca e fina, e os cabelos mais frágeis, e com queda mais acentuada.
- Alterações na menstruação: Antes de parar de vez, a menstruação pode ficar irregular, mais intensa, as vezes até hemorrágica, ou escassa, muitos meses sem descer e quando vem, pode ser um fluxo bem leve e com duração de poucos dias.
Esses sintomas são causados, principalmente, pela queda do estrogênio, que desempenha papéis importantes no equilíbrio do organismo.
Uma avaliação especializada é importante para avaliar outros problemas que possam trazer esses sintomas, como anemia, no caso da fraqueza, hipotireoidismo, no caso da pele seca e queda de cabelo, e miomas ou endometriose, no caso do sangramento menstrual muito intenso.
O impacto da menopausa na saúde a longo prazo
Além dos sintomas imediatos, a menopausa também traz mudanças que podem afetar a saúde a longo prazo. Entre os principais riscos estão:
- Osteoporose: O estrogênio ajuda a manter a densidade óssea. Sem ele, os ossos podem enfraquecer, aumentando o risco de fraturas.
- Doenças cardiovasculares: Após a menopausa, o risco de problemas como triglicerídeos e colesterol elevados, pressão alta e diabetes aumenta.
- Alterações metabólicas: Muitas mulheres notam maior dificuldade em controlar o peso e mudanças na composição corporal.
- Saúde mental: Algumas mulheres podem enfrentar depressão ou ansiedade, especialmente se já tinham uma predisposição.
Como lidar com essa fase da melhor forma?
Embora o climatério e a menopausa sejam naturais, seus sintomas podem se tornar adoecedores, e por isso existem muitas maneiras de aliviar os sintomas e preservar a saúde (ainda bem!). Vamos conhecer algumas?
1. Terapia Hormonal (TH)
A terapia hormonal é uma das opções mais conhecidas para tratar os sintomas da menopausa. Ela consiste em repor o estrogênio (e, em alguns casos, a progesterona) no organismo.
É eficaz para aliviar sintomas como ondas de calor, secura vaginal e insônia, além de proteger os ossos contra a osteoporose.
Mas atenção! A TH não é indicada para todas as mulheres. Sua médica vai avaliar seu histórico de saúde para decidir se ela é segura para você.
2. Alimentação equilibrada
A alimentação tem um papel central no bem-estar durante o climatério e a menopausa. Dê prioridade a:
- Cálcio e vitamina D: Couve, amendoim, sardinha, além dos clássicos leite e derivados, são alimentos ricos em cálcio, úteis para fortalecer os ossos e prevenir a osteoporose. Um pouco de exposição diária ao sol auxilia no aumento da vitamina D.
- Proteínas magras: Como as feijão, lentilha, grão-de-bico, além de peixes e frango, ajudam a manter a massa muscular.
- Fibras: Presentes em frutas, legumes e grãos integrais, ajudam na digestão e no controle do colesterol.
- Alimentos ricos em fitoestrogênios: Como soja, linhaça e grão-de-bico, que podem mimetizar o efeito do estrogênio.
3. Exercícios físicos
- Aeróbicos: Caminhada, dança ou natação são exemplos de atividade que ajudam na saúde cardiovascular e no controle de peso.
- Musculação: Previne a perda de massa óssea e muscular, além de manter o metabolismo mais acelerado, auxiliando na perda de peso e na manutenção, evitando o ganho.
- Yoga ou pilates: Melhoram a flexibilidade, aliviam dores e reduzem o estresse.
4. Cuidados com a saúde mental
Meditação e técnicas de relaxamento podem ajudar a lidar com a irritabilidade, ansiedade e mudanças de humor.
- Invista em atividades que promovam relaxamento, como meditação ou mindfulness.
- Se sentir tristeza persistente, ou ansiedade que se torna incapacitante, te impedindo de fazer suas atividades, procure uma psicóloga.
- Encontre uma rede de apoio, seja entre amigos, familiares ou grupos de mulheres que estão passando pela mesma fase.
- O cuidado médico pode ser necessário quando essas alterações não melhoram com as medidas acima.
A Dra Paula Lima é uma ginecologista obstetra com experiência no cuidado de cada pessoa englobando a sua Saúde Mental. Afinal, cada mulher é uma pessoa por inteiro, com corpo, mente e espírito. Se o climatério tem te trazido sofrimento, ela pode te ajudar.
5. Hidratação e cuidados íntimos
Beber bastante água e usar lubrificantes à base de água ou hidratantes vaginais podem aliviar a secura vaginal. Existem também tratamentos específicos, como o uso de estrogênio vaginal, que podem ser indicados pelo médico.
6. Check-ups médicos regulares
Uma avaliação médica anual é importante, uma vez que as mudanças causadas pela mudança nos hormônios aumentam o risco de determinadas doenças.
Além disso, o próprio processo de envelhecimento traz alguns riscos, e descobrir cedo alguns problemas é a segunda principal estratégia para uma vida saudável (a primeira é prevenir, com mudanças no estilo de vida!)
Nesta avaliação médica, será feito o exame clínico, que é ouvir suas informações e examinar você, e exames serão solicitados, como por exemplo:
- Densitometria óssea: Para monitorar a saúde dos ossos, pelo risco de osteoporose.
- Exames de sangue: Avaliam níveis hormonais e detectam possíveis deficiências, além de monitorar colesterol, triglicerídeos, diabetes. Outros exames podem ser necessários caso a caso.
- Mamografia e papanicolau: São essenciais para prevenir e diagnosticar precocemente câncer de colo do útero e câncer de mama.
Mitos e verdades sobre a menopausa
“Menopausa é o fim da vida sexual.” Isso é um mito! Algumas pessoas até sentem mais tesão e tem melhora na vida sexual nessa fase. A maioria, no entanto, ,vai perceber mudanças negativas na vida sexual, por causa das mudanças hormonais e emocionais.
Mas é possível ter uma vida sexual ativa e prazerosa após a menopausa. O uso de lubrificantes e a comunicação com o parceiro podem fazer toda a diferença. Se precisar de medicações, sua médica pode ajudar.
“Toda mulher vai engordar após a menopausa.” Não necessariamente. É verdade que o metabolismo fica mais lento, mas manter uma rotina saudável com alimentação equilibrada e exercícios pode evitar o ganho de peso.
“A menopausa sempre vem acompanhada de sintomas fortes.” Outra inverdade. Algumas mulheres passam pela menopausa sem sentir quase nenhum desconforto. A maioria vai ter sintomas, e a intensidade desses sintomas não depende da vontade da mulher, mas é uma resposta do seu organismo.
Quando procurar ajuda médica?
Se você estiver enfrentando sintomas que estão prejudicando sua qualidade de vida, é hora de buscar ajuda. A ginecologista pode avaliar suas queixas, pedir exames e recomendar tratamentos personalizados. Não hesite em procurar orientação – existem muitas opções para melhorar essa fase!
Climatério e menopausa: uma nova fase, não um fim
O climatério e a menopausa não devem ser encarados como o fim de algo, mas como uma transição natural. É uma oportunidade para cuidar ainda mais de você mesma, priorizando sua saúde física e mental.
Vamos pensar em tempo de vida: a idade média de vida da mulher brasileira é de 79,7 anos. Se a menopausa de uma mulher ocorrer por exemplo aos 40 anos, metade da vida dela será vivida depois menopausa! Com as informações corretas e os cuidados adequados, essa fase pode ser vivida com plenitude e satisfação. Lembre-se: você não está sozinha nessa jornada!
O climatério e a menopausa são apenas uma nova etapa da vida – e não precisam ser encarados como um bicho de sete cabeças. Com as informações certas e os cuidados adequados, é possível passar por essa fase com saúde e autoconfiança.
Se você está nesse momento ou conhece alguém que esteja, lembre-se: cada mulher tem sua experiência única, e buscar apoio é essencial para viver bem e aproveitar cada fase da vida. Afinal, o melhor ainda está por vir!
Referências
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https://www.febrasgo.org.br/images/pec/posicionamentos-febrasgo/FPS-N5-Maio-2022-portugues.pdf